Game Over Por Cleber de Souza

Especial Winning Eleven !


Futeboleiros de plantão uni-vos! Não querendo roubar os leitores da coluna do Anderson mas já o fazendo! Pois essa semana iremos tratar do queridinho do país. Aquele que causa inúmeras brigas entre parentes, destrói namoros, amizades, seja sobre o conteúdo e os acontecimentos do jogo, seja sobre o tempo gasto com ele e o incrível fator de fazer todos nós esquecermos tudo e todos a nossa volta. O único jogo no mundo tão completo que tem até o Tabajara Futebol Clube. Pois se seu time está dando vexame no campeonato e as contratações de meio/início de ano são esdrúxulas, chegou a hora de mudar essa situação e derrotar todos os seus adversários. Ou não.

Habilite-se o ser que nunca ouvi falar no uininelevi, no guineleven ou no uinguilevem! Ou em qualquer uma de suas variáveis. Esse especial irá abordar a felicidade que Konami trouxe a todos nós brasileiros e apaixonados por futebol ao longo de todos esses anos. Então sinceramente, se não gosta de futebol, se essa não é sua praia, se esse estilo não te comove nem nos jogos de videogame, não perca seu tempo! Mentirinha! Pode ler sim, eu deixo.

No mesmo ano de lançamento da plataforma revolucionária da Sony, nosso querido Playstation (1995), foi lançado, somente no Japão, o que iria se tornar uma das maiores franquias de jogos esportivos (futebol) da história, com o poder de bater de frente com o monstruoso FIFA da famigerada e inescrupulosa Eletronic Arts. Mas até então ninguém sabia disso.


Com facilidade, jovens do mundo inteiro se aventuraram pelos códigos porcamente criptografados e traduziram o jogo de japonês para suas línguas, expandindo de maneira monstruosa e ilegal o jogo para todos os cantos do mundo. O que inclui, futuramente, nosso país já que o inglês sempre funcionou aqui, mesmo que quando pequenos não soubéssemos inglês (perdão aos autodidatas). Como se isso fizesse alguma diferença, cansei de ver meus amigos jogando vários lançamentos do Winning Eleven mal traduzidos em japonês mesmo. Isso nunca foi um problema para ninguém. Muito menos para os brasileiros.

Mas a Konami não queria que isso acontecesse e vendo o sucesso que a plataforma tinha se tornado, começou a lançar esporadicamente atualizações com códigos cada vez mais complicados de se quebrar. O que acabou gerando só um pouco mais de trabalho para a geração tecnologia. E não fez diferença nenhuma, se tornou só mais um desafio e garantiu ainda mais conhecimento aos garotos que quebravam, tecnicamente, direitos autorais, adicionando novos uniformes, estádios além de bolas de futebol.


Enquanto isso, a grande maioria dos nossos atuais jogadores, na época, se satisfazia ao jogar o International SuperStar Soccer (DELUXE!) no Super Nintendo (SNES), assim como eu. Só que muitos de vocês (o que novamente me inclui) provavelmente nunca parou para reparar que a mesma Konami era a criadora do antigo jogo para o SNES. E que na verdade, sob um certo ponto de vista, o International SuperStar Soccer é um pai pro Winning Eleven. Talvez por isso temos, inconscientemente, esse laço tão sagrado com a série em questão. Ou não, eu posso estar viajando aqui. Não faz mal. [Nota de esclarecimento: sim é só uma viagem, por mais que seja da mesma desenvolvedora, os dois títulos em questão são de grupos internos diferentes da Konami. Sinto muito por enganá-los. Muahauha]

Anos se passaram, até o Playstation se tornar mais acessível para a massa. E aí meu amigo, carioca que é malandro, que já tinha o feito com o cartucho do SNES, deu seu jeito de mexer com a base de dados do CD também. E provavelmente gostaram, pois eles poderiam deixar seus próprios times do coração roubados. E afundar o rival. Isso é maravilhoso.

Essa brincadeira deu tão certo para os volumes piratas de cartuchos vendidos, que criaram o primeiro Patch para o Winning Eleven, a primeira versão não oficial brasileira. A primeira de muitas (a grande maioria delas, que não envolviam times brasileiros, já vinham de mão beijada lá de fora). E o que eu chamo de não oficial, sinta-se livre para chamar de pirata. Até porque o que vende aqui e o que faz dinheiro não é a Konami e muito menos a Sony. O cenário mundial pode ser diferente (ou não), mas aqui quem fez fortuna foi o vendedor irregular. O nosso camelô. Pois quem tinha Playstation sempre procurava o mesmo camelô procurando por uma versão mais recente, melhor, com database atualizada. Mesmo que demorasse a sair. Demorasse muito.

Não sei quanto a vocês, mas essa experiência toda com o Winning Eleven só ocorreu na proximidade do ano 2000 para mim. Mesmo ano de lançamento do Playstation 2 quando o mesmo custava os dois olhos da cara mais uma quantia simbólica, em dólares. Tanto que Playstation 2 saiu e os Winning Eleven’s continuaram a vender, com suas versões “ilegais” e autorizadas, liberando desde time fictício do Casseta & Planeta (com direito ao jogador Vaca) até cd com foto do Felipão Scolari. Um grande período de transição para a Konami que tinha tudo para se dar ainda bem.


Meu amigo, com o Playstation 2 a coisa virou outra história. Mudou completamente de rumo. Primeiro por causa das inúmeras opções que agora o Playstation 2 oferecia, desde mexer em cada atributo do jogador ou então onde cada um joga (como se fosse um Championship Manager, com menor graciosidade) até alterar o tamanho, a pança e a cor do cabelo de cada um deles. Segundo, e principalmente por isso, porque após o ano de 2000, a internet começou a ser cada vez mais acessível no nosso país. E com isso, jogadores dos quatro cantos do país começaram a se unir em fóruns para conversar sobre a modificação de cada um, trocar Option Files (save individual de opções de cada memory card) e buscar uma melhoria geral para seus jogos. Acredito eu, não há como afirmar sem a devida pesquisa (o que daria muito trabalho), que assim começou a ser criada a verdadeira modificação de dados. Completa. Aquela que varia desde a música, mais escrota que seja, até todo o sistema de menus, suas cores e vídeos (coisa que já era parcialmente feita na época do Playstation One).


Eu sei que não muito depois, equipes se formaram, levando a modificação mais a sério ainda, modificando tudo no jogo, adicionando narrações (o que inclui o mala do Galvão Bueno com maravilhosas pérolas), logos dos canais de televisão que exibem os jogos e muito mais. Claro que nada nessa vida é perfeito mas para isso sempre haverá uma nova oportunidade para lançar um novo patch de uma nova versão com uma nova base de dados. Enquanto isso o camelô enriquece. E enquanto isso o FIFA fica para trás. Muito para trás, na minha humilde opinião.


O nosso Winning Eleven na verdade deveria ser o Pro Evolution Soccer. A explicação para os nomes é simples, caso você sempre tenha visto os dois e nunca tenha entendido. Winning Eleven ou o World Soccer Winning Eleven é a versão original para Playstation lançada somente no Japão e nos Estados Unidos. Para o resto do mundo o nome do jogo era Pro Evolution Soccer. Até que decidiram diminuir a confusão pro lado ocidental e lançaram o Winning Eleven: Pro Evolution Soccer nos Estados Unidos, matando assim o nome Winning Eleven por lá. E por aqui também, futuramente.
Então provavelmente daqui para frente você verá mais o nome PES do que o WE (é o que eu acredito). É o mesmo jogo com nomes diferentes. Provavelmente os próximos releases serão baseados mais pro lado do PES do que pro lado do WE. Mas não se esqueça: tudo continua a mesma coisa e provavelmente irão tentar manter o nome Winning Eleven por um tempo.

E a série FIFA? Não perderei minha oportunidade de falar mal deles. Sempre esteve no topo, por cima de todos os outros concorrentes, mesmo que de maneira sexual, seja de futebol ou de qualquer outro estilo de jogo para Playstation ou PC, vendendo muito mais (e provavelmente ainda continua a fazê-lo, coitada dessa juventude perdida que não sabe o que está perdendo)(sim eu odeio o FIFA, nunca me convide a jogar e se o fizer ainda vou te ganhar, de raiva por ter me convidado). Só que o FIFA nunca foi tão flexível assim. A grande verdade é que o FIFA é um grande feijão com arroz sem opção nenhuma. Tudo bem, era um feijão com arroz. Pois após tanta pressão da Konami e tanta rivalidade no mercado mundial de jogos (esqueçam o Brasil) uma hora a EA teria que ceder um pouco, começar a tomar vergonha na cara de um tempo para cá e deixar o FIFA mais aceitável. Porém ele nunca terá a jogabilidade do Winning Eleven/PES e se existe a possibilidade de um dia isso acontecer, digo-lhes que falta muito tempo para esse dia chegar.

Sim, eu sei que o Brasil não é patamar de comparação de sucesso de jogos e suas respectivas vendas, principalmente quando se trata do FIFA, caso alguém já tenha pensado isso. E considerando a maneira que as coisas acontecem aqui, é impossível dar números sobre vendas de cada uma das versões principalmente com tantos patches ilegais (vide vendas do camelô) do Winning Eleven ou até do FIFA (o que eu não me recordo de ter visto). Mas a grande verdade é que no momento, sobre esse assunto, só o Brasil que interessa mesmo já que estamos aqui e essa é uma resenha de um jogador brasileiro.


E se você parar para perguntar a quem joga futebol no campo barrento e acompanha futebol na TV, a resposta será unânime: Winning Eleven! (não tão unânime assim, sempre tem aquele errado apaixonado por FIFA, que grita lá no fundo, sozinho e toma uma moca no final). E sim, você não precisa acompanhar futebol ou ser apaixonado por futebol para jogar, a jogabilidade é sensacional, cada ano que passa mais próximo da realidade e assim o Winning Eleven fará parte dos seus encontros com aquela turma de amigos que você carregou de sua infância, de seu Ensino Médio ou até da galera do trabalho.

Como isso é um especial, será diferente das outras avaliações. É isso galera, acho que já escrevi demais e não quero ser mais chato do que já estou sendo, se isso for possível.

Veja o lado bom, compensei pela pequena matéria (por um motivo nobre) que criei semana passada. Espero que tenham gostado. Evitarei fazer muitos especiais e semana que vem tratarei brevemente sobre o novo Pro Evolution Soccer 2009 que saiu essa semana que passou para PC e sairá em breve para PSP e PS2/PS3.

[Outra nota de esclarecimento: 50% do esforço da criação dessa matéria fica por conta de pesquisa sim. 50% foi em função de elaborações minhas em função do que lembro e do que já li faz um tempinho. Os outros 45% mandaram eu.... deixa para lá. E sim, minha montagem com o Zico ficou bem escrota, eu sei. O que vale é a intenção.]